Eu sou o que sou agora e sou diferente daquilo que fui ou daquilo que serei. Mas uma coisa é quem somos e outra é dizer quem somos. Alice é pouco para dizer quem sou.
Quando me olho ao espelho como sei quem eu sou se estou em constante transformação? Como sei se correspondo àquilo que os outros conseguem ver ou aquilo que os outros acham de mim ou que os outros dizem de mim? Quem é que realmente vejo no espelho?

Este texto surge de um convite feito pela Madalena Wallenstein para a Fábrica das Artes. Foi lançado como ponto de partida o capítulo V,  “Conselhos de uma Lagarta”, do texto Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll.

A Alice faz parte do nosso imaginário, é um texto revisitado constantemente. Temos conhecimento do seu universo desde a infância, através dos livros, dos desenhos animados, dos filmes. E foi claro, desde o início, que queria trabalhar dois conceitos que estão presentes neste capítulo: tempo e identidade. Estranho é o que não muda. Por isso, se estamos sempre em mudança, como é que nos podemos definir e dizer quem somos? É realmente difícil responder a esta pergunta: Quem somos?

Fiz o exercício de me colocar no papel da Alice, ouvindo a pergunta: Quem és tu? Tive a mesma dificuldade em responder. Como poderemos responder? Só descrevendo o trajeto da nossa vida e dizendo: Este sou eu e foi assim que cheguei ao que sou. Ou então fazendo uma descrição física. São muitos os aspectos que se unificam numa só coisa quando se responde a: Quem sou eu? Podemos até explicar um número gigante de coisas, mas não conseguimos esclarecer quem somos resumidamente.

O nosso nome basta para nos definirmos? E quando acontece existirem nomes iguais ao nosso? Como posso comprovar que eu sou eu? Coloquei nesta Alice as minhas questões de identidade. Tem memórias a partir dos quatro anos, mas antes disso já existia, embora não se lembre. Se está sempre a mudar, como pode dar uma resposta exata? Como é que se pode definir? Para não cair em equívocos, teria de fazer uma viagem ao seu passado e outra ao seu futuro. Talvez conhecendo o seu percurso, de início ao fim, possa ter uma resposta sobre quem é. A dificuldade da resposta levou-me a recorrer a coisas que me pareciam impossíveis, mas como nos diz Lewis Carroll, “a única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível”.

Ficha Artística e Técnica

Texto e Direcção José Leite
Participantes Adriana Neto Gonçalves, Ana Palmeiro, Carolina Santos, Diogo Pereira Coelho, Filipe Pereira, Helena Bispo, Martim Santos, Mauro Coelho, Patrizia Kirn, Rui Mourão, Rafaella Ambrósio, Sérgio Sousa
Produção Mákina de Cena

O Teatro do Eléctrico é uma estrutura apoiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes, pelo Cineteatro Louletano/Câmara Municipal de Loulé e pela Câmara Municipal de Lisboa.

M12/50MIN

Apresentações

Apresentado em:

Loulé, Mákina de Cena - Clube de Leitura Teatral (2023)

 

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